Última atualização: 10 de setembro de 2024
Com a publicação em Portugal do Decreto-Lei n.º 10/2024, de 8 de janeiro, no âmbito do Simplex Urbanístico, foram aplicadas medidas para a reforma e simplificação dos licenciamentos no âmbito do urbanismo e construção civil.
Uma dessas medidas é a preparação para o lançamento um portal digital a nível nacional em Portugal, atualmente com data prevista para 5 de janeiro de 2026, onde seja possível entregar, consultar e realizar pedidos relativos a projetos de construção civil e urbanismo. A partir de 1 de janeiro de 2030 o formato obrigatório a utilizar nesse portal será proveniente da metodologia com o acrónimo inglês – BIM (Building Information Modelling, ou Building Information Management), que pode ser traduzido como Modelação de Informação em Edificação.
O BIM é um método de planificação na construção civil que permite gerir informação num modelo digital para conceber, contruir e/ou manter uma edificação até ao final do seu ciclo de vida. Se a anterior forma de trabalhar assentava no CAD (Computer Aided Drawing), o BIM é cada vez mais um novo paradigma para múltiplos atores no setor da construção civil.
O BIM prevê a criação de um “gémeo digital” – modelo do edifício construído ou a construir, com determinado nível de detalhe, objetos digitais interconectados e idênticos aos reais (p. ex. portas, janelas, etc.). Os dados deste modelo podem ter diferentes formas de apresentação (p. ex. plantas, secções e alçados em 2D; imagens e diagramas em 3D; tabelas escritas, etc.) que são conectadas e atualizadas em tempo real pelo próprio software.
Redução de custos:
Desde a fase de planeamento, passando pela construção e posterior manutenção do edifício, o BIM possibilita maior eficiência e controlo de custos. Na fase de planeamento a produtividade aumenta através da possibilidade de alterar parâmetros de uma forma global com atualização automática em todas as vistas do projeto. Para além disto, existe maior colaboração entre diferentes atores e redução de erros de projeto.
A possibilidade de obter estimativas em tempo real e simular custos energéticos são dois exemplos que permitem maior controlo de custos durante a obra e manutenção do edifício.
Maior colaboração:
A centralização de dados possibilita um melhor cruzamento de dados em diversas fases do projeto. Ao trabalhar num único modelo digital partilhado, cada disciplina de projeto (p. ex. arquitetura, engenharia de estruturas, águas e esgotos, etc.) vai trabalhar sobre a mesma base, reduzindo incompatibilidades e aumentando a colaboração para atingir os objetivos do projeto.
Visualização:
A produção de imagens foto realistas a partir do modelo de projeto pode facilitar a comunicação entre donos de obra e projetistas, mas é sobretudo a facilidade de escolha do tipo de apresentação certa para a pessoa certa que traz benefícios. Por exemplo, em caso de dúvida, os organismos públicos, nomeadamente as Câmaras Municipais, não mais necessitarão de exigir determinada vista ou secção adicional de um projeto, pois com um modelo 3D interativo poderão secionar o edifício em que ponto pretenderem em poucos segundos.
Análise e Simulação:
Dependendo do detalhe e informação introduzida no modelo de projeto, é possível efetuar diversas simulações e análises ao edifício, sejam estas relacionadas com custos de construção e/ou manutenção, retorno do investimento com base em diferentes tipologias, resistência da estrutura, eficiência e consumo energético, etc. Estas simulações permitirão tomar melhores decisões em fases preliminares do projeto, que teriam maiores custos se fossem ignoradas ou tomadas em fases mais adiantadas.
BIM e novas tecnologias:
Tecnologias recentes, como a IA (Inteligência Artificial), Realidade Virtual ou a Realidade Aumentada, quando aliadas ao BIM, possibilitarão cada vez mais capacidade de simulação e desenho na fase de planificação, mas também na fase de construção, por forma a gerir os estaleiros de forma mais eficiente com ganhos de segurança, produtividade e redução de desperdícios.
Complexidade das ferramentas
Os softwares de design apoiados em BIM são mais complexos e têm uma curva de aprendizagem mais lenta e prolongada. Para além disso, requerem uma maior sistematização de templates de projeto e acesso a bibliotecas de objetos BIM (portas, janelas, equipamentos, etc.).
Gestão de projeto especializada
Quando um projeto tem uma maior dimensão, a colaboração entre as várias disciplinas requer uma gestão própria, dada a quantidade de informação e vários modelos que são centralizados num só.
Resistência à mudança no setor:
Este novo método surgiu primeiro em grandes projetos e escritórios de projetos com maior dimensão, uma vez que estes possuem mais recursos e respostas às exigências específicas destas ferramentas. Contudo, cada vez mais o BIM é utilizado em obras mais pequenas focado em benefícios como aumento de produtividade e visualização. Contudo, dado existir resistência no setor no que toca à transição de software e empresas que trabalhem em BIM, nem sempre é possível implementar este método com todos os seus benefícios.
Falta de critérios para formato e detalhe
Em diversos países existe já um esforço maior na implementação de formatos standard que permitam a comunicação entre diversos softwares BIM e CAD, bem como a definição de diferentes padrões de qualidade e nível de detalhe para modelos BIM. O propósito de um modelo BIM é a sua utilização com benefícios a partir da informação nele contida. É por isso inútil despender demasiado tempo a introduzir informação que não será utilizada no futuro e é necessária por parte das entidades envolvidas a definição ou adoção de critérios de detalhe e qualidade para este tipo de projetos.
O CAD foi inicialmente pensado para desenho técnico em 2D (linhas, polígonos e tramas). Por sua vez, o BIM funciona com objetos (portas, janelas, paredes, etc.) de características técnicas editáveis e sistematização automatizada entre múltiplas vistas e tabelas. Ou seja, em termos simples no CAD os elementos são desenhados quase "linha a linha" e não possuem muita conexão entre si, enquanto que o BIM os objetos são colocados já em 3D em "drag and drop" sendo possível a configuração e interligação entre os mesmos.
O BIM aumenta a produtividade e colaboração entre múltiplos atores melhorando também a eficácia em concluir projetos dentro dos parâmetros pré-estabelecidos. De uma forma simples, o BIM acelera a elaboração de projetos como a arquitetura, sistema estrutural, entre outros, num único modelo partilhado, mas também possibilita possibilidades ilimitadas de simulações sobre o edifício.
O desenho em 3D é importante, mas já existia anteriormente (CAD). O BIM é um método de planificação que envolve muito mais do que apenas a vista em 3D, uma vez que todas as vistas e informação e objetos do modelo estão interligados entre si e atualizados automaticamente. Ainda assim, o BIM melhorou muito o potencial do design e visualização 3D.
O impacto do BIM no retorno do investimento é difícil de avaliar uma vez que cada projeto tem as suas características e objetivos próprios. No entanto, estudos indicam que este método providencia um maior controlo sobre custos, estimativas mais exatas e uma redução de erros de projeto e obra. Na sua forma mais elementar, o BIM conduz a um aumento de produtividade na fase de desenho do projeto.
Existem diversos softwares que se baseiam no método BIM, entre eles o Revit, Archicad e mais recentemente o SketchUp Pro. Contudo, existem muitos outros pelo que deverá questionar o projetista ou equipa de projeto em questão sobre o software e métodos de gestão de projeto utilizados.
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